quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ainda alguma questões sobre as crises do PCB em Minas e a unidade do Partido.Ainda alguma questões sobre as crises do PCB em Minas e a unidade do Partido.

Ainda alguma questões sobre as crises do PCB em Minas
e a unidade do Partido.



Acabo de ler a nota que CC escreveu sobre o racha em São Paulo. O CC demonstrou ter razão. No entanto, é preciso levantar uma outra questão: que tipo de unidade existe hoje no PCB? Uma unidade dada pelos Congressos? Isso basta para haver unidade?Não podemos ir contra a idéia de que todos os comunistas devem cumprir as resoluções do partido, decididas democraticamente nos foruns. Ir contra o centralismo democrático é um dos piores erros que um camarada pode cometer. Mas não podemos nos enganar, de que isso basta para dizer que o partido tem unidade. Como o próprio CC admitiu, na nota sobre o caso de São Paulo, o partido é ainda muito fraco em seus instrumentos de comunicação interna, o que torna, consequentemente, pouco orgânico nosso funcionamento. Mas isso só se resolve com muito trabalho e trabalho feito da maneira certa. Acredito que o primeiro passo é debater com mais ousadia e objetividade os problemas internos do partido, caracterizar cada um deles, ver que partilhamos de uma série de problemas que são gerais na esquerda brasileira, que temos que fazer muito ainda, para ser um partido marxista-leninista.
        Milito em Minas Gerais, cá estamos perdendo militantes, já foram três esse ano. Dois deles, fizeram o correto favor de tornar sua saída pública e mostrar claramente por que não acreditam na possibilidade do PCB se tornar uma força realmente revolucionária. Fizeram críticas que muitos camaradas não tem coragem de enfrentar. Sammer, por exemplo, disse que tentamos explicar ao povo brasileiro o socialismo sem levar em conta que isso só pode ser explicado ao povo, apenas se levantarmos bandeiras, que sejam profundamente ligadas a realidade do povo. Nesse sentido, ele falou  que o partido deixa o nacionalismo para burguesia, como se as questões nacionais fossem uma espécie de oposto do internacionalismo. Falou também dos sentimentos misticos, variações esquisitas do esquerdismo,  da hesitação em defender bandeiras que são centrais na disputa política atualmente. Podemos listar algumas de suas críticas mais ou menos assim:

Sentimentos místico ou do esquerdismo e suas variações:

certeza subjetiva e ilusória de que somos uma força realmente revolucionária,
idéia de que o partido deve tomar sempre muito cuidado, pois existe sempre gente querendo entrar na organização para liquida-la,
incapacidade de ver que pelo hábito do esquerdismo somos para o imaginário do "povão" a mesma coisa que um PSTU ou PCO, isso ele não disse com essas palavras, mas questão do dogmatismo, da estreiteza da nossa política e da crítica que ele levanta contra as práticas esquerdistas, revelam essa questão.
incapacidade de lhe dar com as situações mais imediatas e locais, mas muita vontade de ter resposta para todos os problemas internacionais e teóricos,
nossa concepção tacanha e esquerdista da luta eleitoral.

Questões e bandeiras que temos dificuldade ou hesitação em defender:

A revogabilidade dos mandatos, em seu texto ele fala da centralidade dessa proposta, que é realmente central se quisermos fazer uma disputa política eficiente.
A necessidade de construir o movimento estudantil a partir da bandeira “todo poder as entidades de base”, isto é , apartir da idéia de que todo poder deve ser dos centros acadêmicos.

         Concordo com o camarada em vários pontos, em quase todos aliás. Mas sei que muitos camaradas que estão no partido hoje não concordam. Cadê a resposta ao camarada Sammer? Cadê o debate? Ou vamos adotar a prática de Salomão: “calado até um tolo se passa por sábio”.

         Houveram críticas a sua exoneração, como eu mesmo fiz, mas respostas as questões muito sérias que ele levanta em sua carta só foram feitas por um camarada em São João Del Rei, no blog Sao Joao del pueblo. Talvez não haja nada a debater com o camarada, por que ele tem toda a razão, se for isso, temos ainda outra obrigação, fazer auto-crítica e avançar nos debates acerca dos nossos limites, enquanto instituição partidária, capaz de avançar com a luta pelo socialismo no Brasil.
           A carta do André Luan foi mais pontual, mas ele também partilha das críticas do camarada Sammer. André Luan, saiu por que se cansou de ver autoritarismo no partido. Ele viu com seus olhos certas práticas acontecerem, quando por exemplo, o Secretário Político do PCB de Minas Gerais, quis usar de sua condição de dirigente para abafar um discordância no congresso da UJC. Ação realmente rídicula. Não sei como isso foi encarado pelo CC, sei mais ou menos como CR viu a situação, mas se isso não é sério, a democracia também não é.
            O problema nesse caso são os critérios pelos quais alguém se mantém na função de direção dentro do partido. A realidade é que não somos muito objetivos nessas coisas. O critério da competencia é substituido pelo critério do “tempo” no partido, que não é um critério ruim, mas que se não ficar bem abaixo do critério da competência, se torna uma arma contra o próprio partido, pois, uma das funções da direção tem que ser a capacidade de manter a unidade e um incompetente autoritário nunca poderá contribuir nesse sentido.
         A perda de militantes em Minas, temos que admitir, se deve também (existem outros fatores) a alguns aspectos tacanhos e limitados do secretariado político.  A questão não é pessoal, como alguns "limitados" podem imaginar, mas de que crises vão se acumulando, problemas que vão só aumentando, quando não os encaramos de frente.
             Um comunista que participa de um coletivo, principalmente de um coletivo partidário, deve saber quando ele não representa as bases que tenta dirigir, isto é, quando ele não tem a miníma chance de cumprir seu papel. A única atitude correta nesse caso é colocar sua função a disposição, essa deve ser a auto-crítica. Um comunista não pode pautar suas ações dentro da organização no orgulho e na vaidade, no medo de se sentir menor, quando tem que assumir que não consegue cumprir sua função.
            Outra coisa, não é correta a idéia de que um militante não pode questionar seus dirigentes, ele não pode é desobedecer o centralismo democrático, mas como homem, como ser humano e principalmente como comunista, ele deve falar, debater, partilhar com seus camaradas aquilo que segundo sua avaliação, pode estar atrapalhando a organização.
  Cabe ainda lembrar, estamos a ponto de perder todo um agrupamento de estudantes em São João Del rei, que não pertencem a nenhum grupo fracionista, que entraram no UJC por que apostaram no potencial histórico do PCB se tornar uma força realmente revolucionária e na UJC como uma organização capaz de avançar nos debates sobre os problemas de organização que tanto atrapalham o movimento estudantil, por que qualquer ser humano com o mínimo de bom senso, é capaz de identificar como verdadeiros os sintomas de arbitrariedade apontados pelos camaradas que se desligaram. Esses novatos (que já avançaram em vários discussões dentro do movimento social e participaram já de momentos importantes da construção do partido e da UJC em Minas), não são idiotas, são pessoas realmente muito inteligentes e não vão cair na conversa fiada, “tudo pela unidade”, querem mais do partido. Se isso não for sério, se isso não for importante, se é normal perder militantes e simpatizantes, estamos realmente fadados a ser mais um grupelho na esquerda brasileira.

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