sexta-feira, 17 de junho de 2011

Movimento Mudança (petistas) tenta golpe eleitoral na UFSJ


O “Movimento Mudança”, um segmento da juventude do PT, tentou um golpe na UFSJ. Naquela universidade, como em outras de Minas, está acontecendo uma eleição de delegados para o congresso UEE, organização mineira de estudantes universitários. É uma eleição entre chapas, triste imitação do carnaval eleitoral que acontece no Brasil de quatro em quatro anos, (triste dizer carnaval, pois o carnaval brasileiro é muito mais sério que a democracia brasileira).
Com apoio da associação de repúblicas daquela universidade, atualmente aparelhada pelo PSDB, o movimento Mudança fez o seguinte: (...) retirou da cédula a chapa eleita pelo CEB (Conselho de C. As). Os defensores das “Diretas Já” são tão fortes em sua democracia, que para não sofrerem derrota no próprio terreno, preferiram sabotar o processo eleitoral que defendem.
A peculiaridade do movimento estudantil da UFSJ é a existência de um forte, organizado e representativo conselho de entidades de base (C.AS), que dirige e administra o DCE. Mas o que quer o movimento Mudança? Sabotar essa representativa organização dos estudantes. Para isso recebem todo tipo de apoio da reitoria, que depois de levar muitas pauladas do DCE, resolveu “criar” seu próprio movimento estudantil, as “Diretas Já”. Mas eles acabam de mostrar quem são e isso vai fortalecer o CEB. Os estudantes não são bobos e vão saber diferenciar oportunismo de movimento estudantil.
Sobre o golpe que eles deram é preciso insistir:
1) Não é um acontecimento de exceção, golpes do mesmo tipo devem estar acontecendo em vários lugares de Minas, pois sempre que há uma eleição desse tipo algum podre acontece. Por exemplo, no Brasil só se ganha eleição com dinheiro, quantos podres acontecem por causa desse "dinheiro" antes e depois das eleições? Há casos como Tiririca, que representam até que ponto as eleições são realmente o bacanal da democracia.
2) A questão essencial não é que o movimento Mudança é formado por oportunistas, mas são oportunistas formados por uma pedagogia ordinariamente presente em quase todas as organizações estudantis brasileiras, pedagogia que se efetiva a partir dessa prática obsoleta que são as grandes eleições diretas, que consiste em reduzir a política estudantil a fraude e a eleição ganha na base do dinheiro.
Nesse sentido, se torna claro, as questões essenciais do movimento estudantil passam pela sua forma de organização, que não é uma questão de caráter burocrático, como querem alguns esquerdistas e direitistas, mas é questão essencialmente política, pois as formas de organização efetivam espaços de vivência da política, que por sua vez, são produtores de certas formas de subjetividade política. Cabe lembrar, em sete anos de experiência do poder das entidades de base na UFSJ nunca houve nada similar a esse tipo de golpe que foi promovido pelos petistas e pelo PSDB.
Um estudante pode ser inteligente, gente boa, correto, mas se ele entra para o movimento estudantil e aprende com seus companheiros mais velhos que para ganhar é preciso fraudar, ou vai embora ou se torna um oportunista e não enxerga mais problema nenhum em imitar todos os tipos de baixaria da democracia brasileira.
O golpe na UFSJ não é isolado, não está no nível dos bons sentimentos e da moral, mas da política e coloca aos estudantes o seguinte problema: vamos admitir no movimento estudantil práticas obsoletas e oportunistas ou vamos lutar para criar formas mais avançadas de organização, levando em conta que o caminho para isso é “todo poder as entidades de base”?
O problema do movimento estudantil não é de direção, mas de organização, pois só uma organização capaz de fomentar práticas realmente democráticas, que incluem o debate, a discordância, o embate e que combata sem piedade a fraude política em suas variadas manifestações pode gerar a direção, que tem que ser dada pelos estudantes, através de sua vivência profunda da política. O poder das entidades de base, uma democracia de conselhos no movimento estudantil, possibilita isso.
Os estudantes que militam no conselho de C.As da UFSJ entendem isso com clareza, mas infelizmente a esquerda brasileira é nessa questão igualzinha a direita, gosta mesmo é de fraudar e justifica suas fraudes falando de democracia, de crise de direção, de bandeiras de todas as cores e da revolução, enquanto assume práticas anti-democráticas que o golpe na UFSJ exemplifica bem. Essas práticas podem até ser classificadas como um covarde fascismo, escondendo-se atrás da palavra de democracia, pois não são os fascistas, os mais especializados, em calar seus oponentes e roubar seus direitos políticos?